terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O que é a Doença Celíaca?

Por Germano de Sousa

A doença celíaca, também conhecida como enteropatia glúten-sensível é um caso de doença autoimune que afeta o intestino delgado de adultos e crianças geneticamente predispostos.

Esta doença é precipitada pela ingestão de alimentos que contêm glúten, causando atrofia das «vilosidades» da mucosa do intestino delgado (que têm a função de aumentar a absorção dos nutrientes, podendo ser chamadas de dobras dos intestinos) com prejuízo na absorção dos nutrientes, vitaminas, sais minerais e água.

A sua prevalência na população europeia situa-se entre os 0,5 e os 1 por cento, com um rácio mulher/homem de 3:1. O quadro clínico de sintomas baseia-se nas alterações gastro - intestinais, combinando-se para formar o alerta para a eclosão da doença.

Destes sintomas destacamos a diarreia crónica com esteatorreia (formação de fezes volumosas, acinzentadas ou claras, geralmente com cheiro forte, que flutuam na água e têm aparência oleosa, ou são acompanhadas de gordura que flutua no vaso sanitário), cólicas abdominais, síndrome de má absorção e anemia ferropênica.

Outros sintomas a serem levados em conta são a palidez, atrasos de crescimento, défice ponderal (peso), astenia (fraqueza) e alopécia (a redução parcial ou total de pelos ou cabelos em uma determinada área de pele).

Outro conjunto de sintomas também pode denunciar a Doença Celíaca como, neuropatia, estomatite aftosa (mais conhecidas como aftas), osteoporose, insuficiência gonâdica (infertilidade e ausência de menstruação), ausência de definição de caracteres sexuais e secundários, dermatite herpétiforme, cãibras e tetania (espasmos involuntários dos músculos).

Perante este alargado quadro de sintomas, e no caso de reconhecer algum deles, deverá de imediato contactar o seu médico para realizar análises clínicas para realizar um diagnóstico preciso.

O conjunto de análises que deverão ser feitas para o despiste da Doença Celíaca são:

1. Determinação de IgA total para determinar o deficit IgA (Prevalência de 20%)
2. Ac. Anti-Gliadina Deaminada lgA (AGA IgA)
3. Ac.Anti-Gliadina Deaminada lgG (AGA IgG)
4. Ac. Anti.Transglutaminase tissular IgA (tTG lgA)
5. Ac. Anti.Transglutaminase tissular IgG (tTG lgG) (se déficit lgA)
6. Ac. Anti-Endomísio(IgA (EMA IgA) – Maior Especificidade
7. Ac. Anti-Endomísio (IgG) (se déficit de IgA)

O Ac. Anti. tTG IgA/IgG (no caso do deficit IgA) é muito sensível e específico para o diagnóstico de Doença Celíaca.

No caso de positividade deve sempre ser confirmado pelo Ac. Anti-Endomísio (IgA/IgA), pois este é o teste mais específico para o diagnóstico de Doença Celíaca.

Após o diagnóstico da doença, há que cumprir uma vigilância apertada que obriga a análises de monitorização aos doentes que fazem dieta sem glúten.

Para monitorizar os doentes que iniciaram terapêutica as análises que devem ser realizadas são as seguintes:

1. Ac. Anti-Transglutaminase (tTG) lgA /IgG (se deficit de IgA): Muito útil também na monitorização após inicio de evicção de glúten. Os seus níveis podem normalizar entre 6-12 meses depois de iniciar a dieta. Os seus níveis não se relacionam com reparação da mucosa intestinal
2. Ac. Anti-Gliadina (AGA) lgA /IgG (se deficit de IgA): Também muito útil na monitorização terapêutica. Os seus níveis podem normalizar cerca de 3-9 meses depois de iniciada a terapêutica.

Sem comentários:

Enviar um comentário